quinta-feira, 7 de maio de 2009

O destino é traiçoeiro

Fabrícia C. Araújo

Já há algum tempo que conheço Dona Eugênia, uma mulher negra de um grande coração.
Todas as vezes que ela saía de casa para seguir rumo ao seu pobre serviço de vendedora de café, ao atravessar a rua sempre aparecia um engraçadinho de carro e cobria-lhe de lama. Mas, seu coração era maior, pois ela só olhava e seguia em frente.
Certo dia, quando eu ia cruzar a rua, eu vi Dona Eugênia, que vinha com sua mercadoria coberta por um plástico, quando de repente apareceu um carro em alta velocidade e jogou toda a lama sobre aquela pobre senhora. Ela ficou tão descontrolada que se esborrachou no chão. Fui logo ajudá-la, e quando dei-lhe a mão para levantá-la, o carro se aproximou e o motorista, mostrando seu rosto, falou: “lugar de negro é catando talinho e comendo as sobras”.
Dona Eugênia, quando viu seu rosto, logo agradeceu: “Obrigada, Senhor”.
E o rapaz:
- Por que está agradecendo a Deus?”
- Porque você é meu filho Moisés, que foi roubado de meus braços há 25 anos, e que nenhum delegado me ajudou a encontrar, pelo simples fato de ser negra e ter um filho branco...

Nenhum comentário:

Postar um comentário